quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Trabalho escravo no século XXI?

 

Embora a abolição da escravatura tenha acontecido no Brasil em 1888, ou seja, no  século  XIX,  hoje,  em  pleno  século  XXI,  podemos  falar  que  ainda  existe  trabalho escravo  em  nosso  país.  Porém,  a  escravidão  contemporânea  tem  algumas características  diferentes  da  escravidão  anterior.  Nesta  aula,  vamos  refletir  juntos sobre o que é e como acontece o trabalho escravo no século XXI.

Atualmente, considera-se trabalho escravo a forma degradante de trabalho na qual  o  trabalhador  não  tem  a  garantia  de  sua  liberdade.  Na  zona  rural,  na  qual  se encontra  a  maior  incidência  de  trabalho  escravo,  os  trabalhadores  aliciados,  ou  seja,  seduzidos  pela  falsa  promessa  de  um  bom  emprego,  são  vítimas  de  fazendeiros  que buscam baixos custos e lucros fáceis por meio da exploração da mão de obra escrava, se aproveitando da situação de vulnerabilidade dos mais pobres. O Brasil é referência mundial  no  combate  contra  o  trabalho  forçado  e  busca  erradicar  essa  forma  de trabalho.

Como  dissemos,  o  trabalho  escravo  é  uma  forma  degradante  de  trabalho  na qual  o  trabalhador  não  tem  garantida  sua  liberdade  sendo,  na  maioria  das  vezes, escravizado  pela  servidão  por  dívida  ilegalmente  atribuída  ao  trabalhador,  pelo isolamento  geográfico  que  impede  a  fuga  e  pela  constante  ameaça  a  sua  vida.  Mas como o trabalho escravo acontece atualmente?

Os  “gatos”,  que  são  contratadores de  mão  de  obra  a  serviço  dos  fazendeiros, aliciam  os  trabalhadores  oferecendo  uma  oportunidade  de  serviço  em  fazendas, prometendo salário, alojamento e comida. Para convencer o trabalhador, oferecem o transporte  até  a  fazenda  e  um  “adiantamento”  para  a  família.  Os  trabalhadores  em busca de uma oportunidade de emprego e para garantir a sua sobrevivência e de sua família aceitam a proposta. Porém, quando chegam ao serviço o gato lhes informa que eles têm uma dívida, anotada em um caderno. Neste caderno são anotadas as dívidas com  o  adiantamento,  o  transporte  e  as  despesas  de  alimentação  até  a  fazenda.

Também são anotadas as dívidas com os instrumentos que o trabalhador precisa para o trabalho, as despesas com moradia e alimentação. Assim, o trabalhador não pode se desligar  devido  à  divida  ilegalmente  atribuída  a  ele  e,  caso  tente  fugir,  é  ameaçado podendo perder sua própria vida. Dessa forma, as dividas e as ameaças físicas tornam-se correntes e tiram a liberdade do trabalhador escravizado.

Como  estes  trabalhadores  são  libertos  desta  situação?  Os  chamados  Grupos móveis  de  fiscalização,  formados  por  auditores  fiscais  do  trabalho,  procuradores  do trabalho  e  policiais,  atuam  fiscalizando  as  propriedades  e  apurando  denúncias  de trabalho  escravo  e,  uma  vez  confirmada  a  situação  de  trabalho  escravo,  libertam  os trabalhadores.  Na  maioria  das  vezes,  os  trabalhadores  escravizados  são  encontrados vivendo  em  situações  degradantes,  morando  em  precários  barracos  de  plástico, bebendo água envenenada ou doente e sem assistência médica.

Na zona rural, a pecuária é uma das principais atividades que utilizam trabalho escravo  para  tarefas  como  derrubada  de  mata  para  pastagem  e  retirada  de  plantas indesejáveis  com  uso  de  venenos.  Este  trabalho  é  feito  sem  equipamentos  de segurança o que leva o trabalhador a ser vítima de graves acidentes de trabalho, como mutilação,  feridas na pele  ou  intoxicação.  Também  há  casos  de  trabalho  escravo nas cidades, principalmente, nas oficinas de costura e canteiro de obras. O Tocantins e a região  Nordeste,  principalmente  os  estados  do  Maranhão  e  do  Piauí,  são  grandes fornecedores  de  mão  de  obra  escrava  e  o  Pará  é  o  principal  utilizador  destes trabalhadores  escravizados.  As  principais  vítimas  do  trabalho  escravo  são  os  homens na  faixa  etária  dos  18  aos  40  anos.  Na  zona  urbana,  há  um  grande  número  de  sul americanos,  principalmente  bolivianos,  em  situação  de  trabalho  escravo,  sobretudo nas oficinas de costura.

  

Postagem anterior
Próximo post

0 Comments:

‹‹ Postagem mais recente Postagem mais antiga ››