O modo de produção é a maneira
pela qual a sociedade produz seus bens e serviços, como os utiliza e como os
distribui. É chamado também de sistema econômico.
Assim, numa determinado época
histórica, uma sociedade tem uma certa maneira de se organizar para produzir e
para distribuir sua produção.
O modo de produção de uma
sociedade é formado por suas forças produtivas e pelas relações existentes
nessa sociedade. Assim:
Modo de produção = forças produtivas +
relações de produção. |
Portanto, o conceito de modo de
produção resume claramente o fato de as relações de produção serem o centro
organizador de todos os aspectos da sociedade.
Ao longo da História, a espécie
humana tem produzido de vários modos aquilo de que necessita.
Por isso, pode-se afirmar que a
história da humanidade é a história da transformação da sociedade humana pelos
diversos modos de produção.
Como vimos, cada sociedade tem
uma forma histórica de produção que lhe é própria; e sua história é a história
do desenvolvimento do seu processo de produção.
Foi esse processo de
desenvolvimento que ocasionou o aparecimento dos principais modos de produção.
São eles: primitivo, escravista, asiático, feudal, capitalista e socialista.
Cada modo de produção pode ter
existido em lugares e épocas diferentes. Por exemplo,
o modo de produção primitivo
existiu nos primeiros tempos da humanidade e existe ainda hoje entre indígenas
do Brasil e aborígines da Austrália. Da mesma forma, o modo de produção
escravista predominou na Grécia e no Império Romano antes de Cristo, como
também no Brasil, entre os séculos XVI e XIX.
Principais modos de produção
Já relacionamos os principais
modos de produção; a seguir iremos estudá-los. Antes, leia o texto abaixo,
sobre o modo de produção considerado interativo.
Informacionismo: a sociedade interativa Após a onda milenária da era
rural, após a onda bem mais breve do maquinismo industrial, mil novos
sintomas anunciam o advento de uma terceira onda, de uma era pós-industrial
capaz de exaltar a dimensão criativa das atividades humanas, privilegiando
mais a cultura do que a estrutura. A nova estrutura social está
associada ao surgimento de um novo modo de desenvolvimento pós-industrialismo
– o informacionismo ou sociedade interativa – moldado pela reestruturação do
modo capitalista de produção do século XX. Houve substanciais mudanças de
tecnologias mecânicas para as tecnologias de informação. A teoria clássica do
pós-industrialismo (também chamada economia de serviços) combina três
afirmações e previsões que devem ser diferenciadas analiticamente: Ø a fonte de produtividade e
crescimento reside na geração do conhecimento, estendida a todas as esferas
da atividade econômica mediante o processamento da informação; Ø a atividade econômica
mudaria de produção de bens para prestação de serviços. O fim do emprego
rural seria seguido pelo declínio irreversível do emprego industrial em
benefício do emprego de serviços que, em última análise, constituiria a
maioria esmagadora das ofertas de emprega. Quanto mais avançada a economia,
mais seu mercado de trabalho e sua produção seriam concentradas em serviços; Ø a nova economia aumentaria
a importância das profissões com grande conteúdo de informações e
conhecimentos em suas atividades. As profissões administrativas,
especializadas e técnicas cresceriam mais rápido que qualquer outra e
constituiriam o cerne da nova estrutura social. A sociedade informacional ou
sociedade interativa, diferentemente da rural e da industrial que a
antecederam, se caracteriza por delegar progressivamente o trabalho à
eletrônica e por um relacionamento cada vez mais desequilibrado entre tempo
livre, pendendo a favor deste último. A aventura de busca de
trabalho terá maiores possibilidades de ser bem-sucedida quanto mais o
eventual trabalhador for capaz de oferecer serviços de tipo intelectual,
científico, artístico, adequado às necessidades cada vez mais mutáveis e
personalizadas dos consumidores. O futuro pertencerá àqueles que forem
capazes de usar a head muito mais do que as hands, isto é, pertencerá a quem
se ocupar de análise de sistemas, de pesquisa, de psicologia, de marketing,
de relações públicas, de tratamentos de saúde, de educação, de viagens, de
jornalismo e de formação. Seja nos serviços, seja na
indústria, a transição da produção padronizada para a personalizada comporta
uma demanda maior por skilled people, as pessoas que produzem idéias são cada
vez em maior número que as pessoas que produzem coisas. A informação e o
conhecimento oferecem muito mais oportunidades a quem os detém. (Adaptado de: Toffler, Alvin. A terceira onda,
Rio de Janeiro, 1998). |
Modo de produção primitivo
Inicialmente, os humanos viviam
em tribos nômades e dependiam exclusivamente dos recursos da região em que a
tribo se encontra. Sobreviviam graças à coleta e ao extrativismo: caçavam
animais para se alimentar e para usar as peles como roupas, pescavam e colhiam
frutos silvestres. Não dominavam a natureza. Passavam privações quando acontecia
alguma alteração climática brusca e a caça, a pesca e os frutos silvestres
rareavam.
Aos poucos a espécie humana
começou a cultivar a terra, produzindo verduras, legumes, frutas e cereais;
passou a criar alguns tipos de animais. Quando isso aconteceu, as pessoas
deixaram de ser nômades e passaram a ser sedentárias, isto é, tiveram condições
de se fixar num lugar.
Durante toda a sua História, o
ser humano sempre transformou a natureza pra produzir bens que satisfizessem
suas necessidades básicas e também que lhe proporcionassem uma vida mais
confortável.
A comunidade primitiva foi a
primeira forma de organização humana. Ela existiu em diversas partes da Terra
há dezenas de milhares de anos. Ainda hoje, na África, na Austrália, na Nova
Zelândia e na região da Amazônia, encontramos tribos com esse tipo de
organização: alimentam-se de frutos e raízes, da pesca e da caça, e não
praticam a agricultura nem o pastoreio.
O modo de produção primitivo
designa uma formação econômica e social que abrange um período muito longo,
desde o aparecimento da sociedade humana. A comunidade primitiva existiu
durante centenas de milhares de anos, enquanto o período compreendido pelo
escravismo, feudalismo e capitalismo mal ultrapassa cinco milênios.
Na comunidade primitiva os
homens trabalhavam em conjunto. Os meios de produção e os frutos do trabalho
eram propriedade coletiva, isto é, de todos. Não existia ainda a idéia de
propriedade privada dos meios de produção, nem havia a oposição: proprietários
X não-proprietários. As relações de produção eram relações de ajuda entre
todos; eram baseadas na propriedade coletiva dos meios de produção, a terra em
primeiro lugar.
Nas comunidades primitivas –
onde tudo era de todos – não havia o Estado. Este só passou a existir quando
alguns homens começaram a dominar os outros. O Estado surgiu como um
instrumento de organização social e de dominação.
Modo de produção escravista
É um modo de produção que
predominou na antiguidade, mas que também existiu no Brasil durante a Colônia e
o Império.
Na sociedade escravista os
meios de produção (terras e instrumentos de produção) e os escravos eram
propriedades do senhor. O escravo era considerado um instrumento, um objeto,
como um animal ou uma ferramenta.
Assim, o modo de produção
escravista, as relações de produção eram relações de domínio e de sujeição:
senhores X escravos. Um pequeno número de senhores explorava a massa de
escravos, que não tinha nenhum direito.
Os senhores eram proprietários
da força de trabalho (os escravos), dos meios de produção (terras, gado, minas,
instrumentos de produção) e do produto de trabalho.
Nesse modo de produção já
existiu o Estado, pois grupos de indivíduos dominavam outros grupos. O Estado
surgiu para garantir o interesse dos senhores.
Modo de produção asiático
O modo de produção asiático
predominou no antigo Egito, na China, na Índia, entre os astecas do México e os
incas do Peru, e também na África do século passado.
Tomando como exemplo o Egito
antigo, no tempo dos faraós, vamos notar que a parte produtiva da sociedade era
composta por escravos – que executavam trabalhos forçados – e por camponeses –
que eram obrigados a entregar ao Estado o que produziam. As terras pertenciam
ao Estado e portanto, ao faraó, já que ele encarnava o Estado. Os grupos privilegiados
da sociedade eram os sacerdotes, os nobres, os funcionários e os guerreiros.
O excedente da produção
possibilitava que o faraó destacasse um grande grupo de homens para construir
as obras grandiosas (pirâmides, templos, canais de irrigação) e o grupo dos
sacerdotes para preservar o saber sagrado.
Essa organização social
permitia que a parcela maior do excedente da produção fosse consumida por esses
segmentos improdutivos da sociedade, o que foi minando cada vez mais o modo de
produção asiático.
Vários foram os fatores que
determinaram o fim do modo de produção asiático:
Ø a propriedade da terra pelos
nobres;
Ø o alto custo de manutenção
dos setores improdutivos;
Ø a rebelião dos escravos.
No caso dos impérios inca e
asteca, também contribuiu para o seu fim a conquista do território pelos
espanhóis.
Modo de produção feudal
O modo de produção feudal
predominou na Europa ocidental durante toda a Idade Média, permanecendo até o
século XVI. No Japão, a sociedade feudal foi consolidada pelo xogunato (século XVIII).
A sociedade feudal
estruturava-se basicamente em senhores X servos. As relações de produção no
feudalismo (relações servis) baseavam-se na propriedade do senhor sobre a terra
e em grande poder sobre o servo. Os servos não eram como os escravos: eles
cultivavam um pedaço de terra cedido pelo senhor, sendo obrigados a pagar a ele
impostos, rendas, e ainda a trabalhar as terras que o senhor conservava para
si. O servo tinha o usufruto da terra, ou seja, uma parte do que a terra
produzia era dele. Assim, trabalhava uma parte do tempo para si e outra para o
senhor.
Outra diferença importante
entre o servo e o escravo é que o senhor de escravos era dono do escravo,
podendo vendê-lo, alugá-lo, etc. Com o senhor de servos isso não ocorria: o
servo, enquanto pessoa, não era propriedade de seu senhor.
Os senhores feudais tinham o
poder econômico (eram os proprietários das terras) e o poder político (faziam
as leis do feudo e obrigavam os servos a cumpri-las).
Num determinado momento, as
relações de produção feudais começaram a dificultar o desenvolvimento das
forças produtivas. Ao mesmo tempo que a exploração dos servos no campo
aumentava, o rendimento da agricultura era cada vez mais baixo. Na cidade, o
crescimento da produtividade dos artesões era freado pelos regulamentos
existentes, e o próprio crescimento das cidades era impedido pela ordem feudal.
As relações feudais de produção
deixaram de responder às necessidades da época, pois o processo de
desenvolvimento exigia novas relações de produção.
Dentro da própria sociedade
feudal já começavam a aparecer as relações capitalistas de produção.
Modo de produção capitalista
No final deste capítulo você
encontra um texto complementar sobre a origem do capitalismo, leitura
obrigatória para aprofundar seu estudo.
O modo de produção feudal
começou a desmoronar a partir do século XI. Com a sua desagregação surgiu o
capitalismo.
A desagregação do feudalismo e
as origens do capitalismo tiveram como principais causas:
Ø o crescimento da população na
Europa;
Ø o desenvolvimento das
técnicas agrícolas de produção;
Ø o renascimento comercial e
urbano.
O que caracteriza o modo de
produção capitalista são as relações assalariadas de produção (trabalho
assalariado). As relações de produção capitalista baseiam-se na propriedade privada
dos meios de produção pela burguesia – que substituiu a propriedade feudal – e
no trabalho assalariado – que substituiu o trabalho servil do feudalismo.
A burguesia possui as fábricas,
os meios de transporte, as terras, os bancos, etc. o trabalhador não é obrigado
a ficar sempre na mesma terra ou na mesma fábrica; ele é livre para se empregar
na propriedade do capitalista que o aceitar para trabalhar. Os trabalhadores
são obrigados a trabalhar para os proprietários dos meios de produção, que são
donos do capital.
Como vemos, no capitalismo há
duas classes principais: a burguesia e os trabalhadores assalariados.
O desenvolvimento da produção
no capitalismo é movido pelo desejo de lucro. É para aumentar os seus lucros
que os capitalistas procuram aumentar a produção, por meio dos aperfeiçoamentos
técnicos, da exigência de maior produtividade dos operários, de uma maior
racionalização do processo de produção.
Modo de produção socialista
A base econômica do socialismo
é a propriedade social dos meios de produção, isto é, os meios de produção são
públicos ou coletivos, não existem empresas privadas. A finalidade da sociedade
socialista é a satisfação completa das necessidades materiais e culturais da
população: emprego, habitação, educação, saúde. Nela não há a separação entre
proprietários do capital (patrões) e proprietários da força de trabalho
(empregados). Isso não quer dizer que não continuem existindo diferenças
sociais entre as pessoas, bem como salários desiguais em função de o trabalho
ser manual ou intelectual.
A economia na sociedade
socialista é planificada, visando atender às necessidades básicas da população
e não ao lucro das empresas.
Para os teóricos do socialismo,
o comunismo é a etapa posterior do socialismo. No comunismo, segundo eles,
acabariam as diferenças sociais entre as pessoas porque todos teriam tudo em
comum, e o Estado deixaria de existir.
No final da década de 1980 e
começo da década de 19900, começaram a ocorrer profundas mudanças políticas e
econômicas nos países socialistas europeus. Em quase todos caíram os governos
do Partido Comunista e foram feitas reformas para tornar mais democrático o
sistema político, com eleição direta para os principais cargos. Também a
economia passou por profundas alterações, com a diminuição do controle do
Estado e a reativação dos mecanismos de mercado. A propriedade privada tem sido
restabelecida em alguns setores, sobretudo no comércio.
Apenas o desenvolvimento
histórico permitirá definir que rumos as sociedades socialistas tomarão. É
possível afirmar, porém, que o sistema burocrático, controlado rigidamente pelo
Estado, que se apoiava num regime político com escassa participação popular,
não subsistirá. Está sendo substituído por formas mais flexíveis de organização
política e econômica, com pluripartidarismo e menor participação do Estado na
economia.
As mudanças mais significativas
nesse sentido ocorreram na Alemanha Oriental, que abandonou inteiramente o
caminho do socialismo e se integrou à Alemanha Ocidental, capitalista, formando
com ela um só país.
O modo de produção socialista,
atualmente, ainda existe, co algumas alterações de caráter político e
econômico, na china, Mongólia, Laos, Camboja, Guiné-Bissau, Angola, Moçambique,
Vietnã e cuba.
Sem dúvida o fato mais
surpreendente e marcante do final do século XX foi a desagregação do sistema
socialista, principalmente nos países da Europa oriental: Polônia, Hungria,
Romênia, Bulgária, Albânia, República Tcheca, Eslováquia, Iugoslávia,
Eslovênia, Croácia, Macedônia, Bósnia-Herzegovina, Rússia e as demais catorze
repúblicas que constituíam a antiga União Soviética. Essa desagregação expõe um
erro de previsão na interpretação do processo histórico mundial que julgava uma
consequência histórica o fortalecimento do Estado e a extensão do regime
socialista para todas as regiões do globo.
O marxismo falhou em suas
previsões. A capacidade de autotransformação, o movimento de vertiginoso
progresso tecnológico, o atendimento amplo das necessidades do bem-estar da
população que se registram nas formas assumidas pelo capitalismo no Primeiro
Mundo deram mostras, entretanto, de que o desenvolvimento social não pode prescindir
do sistema de economia de mercado (aspecto econômico) e das mais amplas
liberdades políticas da democracia (aspecto político).
O fim do socialismo O socialismo europeu passa
por uma crise de identidade, gerada por problemas econômicos crônicos
agravados pela dívida externa. Na era Brejnev, a URSS chegou a gastar 16% do
PIB com a defesa militar. O Brasil gastava até 1989 pouco mais de 4% de seu
PIB com a dívida externa e todos conhecem na pele as consequências. A questão
de fundo reside na inadequação daquele projeto socialista ao conceito de
democracia. A identificação entre Estado-governo-partido, herança stanilista,
leva inevitavelmente à perda dos elos capazes de articular a socialização da
economia com democracia política e pluralismo ideológico. A saída, porém, não
se encontra na tão apregoada “liberdade” do Ocidente capitalista – de fato,
liberdade de uns poucos terem cada vez mais propriedades, à custa de muitos
impedidos de serem proprietários até mesmo de sua força de trabalho. Por mais erros e equívocos
que o socialismo real contenha, é preciso reconhecer que ele é portador de
valores éticos jamais encontrados nas anteriores sociedades de economia de
mercado. Todas as conquistas do capitalismo ficam sombreadas quando se
constata que o progresso de todas as nações capitalistas do Primeiro Mundo
resulta da exploração que elas exercem sobre os países emergentes. No
entanto, o alto nível de desenvolvimento social dos países socialistas é
fruto do trabalho de seus cidadãos. Nenhum deles explora povos estrangeiros.
Nos países socialistas, crianças, idosos, trabalhadores estrangeiros e
pessoas portadoras de deficiências físicas merecem do Estado a atenção
adequada. Não são encontrados também sintomas coletivos de desagregação
social, como favelas, drogas, prostituição, exploração de menores ou crime
organizado. Mas é preciso perguntar: em
que medida os resultados obtidos pelo modelo de desenvolvimento capitalista
não serviriam de parâmetros ao modelo socialista? O Brasil, vítima desse
equívoco, defende a reserva de mercado na área da informática e abre mão de
suas reservas cambiais para os banqueiros estrangeiros. Uma nação deveria
ousar viver de seus próprios recursos, ainda que sem computadores e aviões,
mas com dignidade e saúde. Ainda que um e outro país socialista ceda à ilusão
capitalista, como hoje ocorre com os países do leste europeu, é inútil supor
que o restrito grupo das sete potências capitalistas (EUA, Canadá,
Inglaterra, França, Itália, Alemanha e Japão) tenha qualquer intenção de
admitir novos sócios. Quem o tentar, terá o mesmo destino que o Brasil: país
dependente e periférico do sistema capitalista. No capitalismo não se dá, se
lucra. Na busca de justiça e
liberdade, a humanidade não tem outra alternativa fora do socialismo. A
complexidade do sistema econômico (modo de produção) de ma nação não pode
mais ser confiada a pessoas ou grupos privados. Na queixa de que os serviços
públicos não funcionam perde-se a dimensão de que, de fato, funcionam
exclusivamente a serviço de uma minoria que domina o Estado. Só uma sociedade
que consiga combinar socialização dos meios de produção, ativa participação
política dos cidadãos e diversidade ideológica sem ameaça aos interesses
coletivos dará resposta à esperança de um futuro melhor para a humanidade. (BOFF, Clodovis. Cartas Teológicas sobre
o socialismo. Petrópolis, Vozes.) |
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