quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Mercado de trabalho e desigualdades

 

“A carne mais barata do mercado é a carne negra

Que vai de graça pro presídio

E para debaixo de plástico

Que vai de graça pro subemprego

E pros hospitais psiquiátricos...

A carne mais barata do mercado é a carne negra

Que fez e faz história

Segurando esse país no braço ...”

A carne – Elza Soares

 Por que será que a cantora Elza Soares afirma em sua música “A carne” que “a carne mais barata do mercado é a carne negra”? Nesta aula vamos refletir juntos sobre como as desigualdades sociais se manifestam também no mercado de trabalho. 

Estudos  sobre  o  mercado  de  trabalho  no  Brasil  apontam  que  a  maioria  que trabalha informalmente é pobre e, no nosso país, a parcela mais pobre da população é significativamente  constituída  por  mulheres  e  negros.  Dessa  forma  as  mulheres  e  os negros  são  as  pessoas  mais  vulneráveis  no  mercado  de  trabalho.  Você  deve  estar  se perguntando: por que há essa desigualdade no nosso país? 

Para começarmos a compreender essa desigualdade é preciso pensar no papel que,  em  nossa  sociedade,  é  atribuído  a  mulher  e  que  chamamos  de  gênero.

Culturalmente atribuímos à mulher o cuidado com a casa e com os filhos. Esse papel social  culturalmente  construído  influencia  no  mercado  de  trabalho    que  estudiosos observam que as mulheres concentram-se nas ocupações relacionadas ao cuidado, ao comércio e na prestação de serviços pessoais como, por exemplo, o serviço doméstico, a  enfermagem,  a    assistência  social  e  o  ensino  primário.  Em  nossa  sociedade  essas ocupações têm baixo prestígio social e remuneração. 

O mercado de trabalho brasileiro também é marcado pela desigualdade racial.

Estudos apontam que os trabalhos mais desvalorizados socialmente e com os salários mais  baixos  são  ocupados  em  grande  parte  por  negros.  As  mulheres  negras  sofrem ainda dupla discriminação: de raça e de gênero. Isso acontece graças a nossa herança histórica da colonização e da escravidão quando os negros não tinham os direitos de cidadania garantidos, sobretudo o direito a educação. Essa herança produz e reproduz desigualdades até os dias de hoje.

 

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