sexta-feira, 22 de maio de 2020

Ideologia como visão de mundo


Outra abordagem teórica sobre a temática da ideologia é a do filósofo italiano Antonio Gramsci. Seus estudos procuram valorizar o papel da cultura no desenvolvimento da luta de classe.
Para Gramsci, a ideologia pode ser compreendida como visão de mundo, um conjunta de perspectivas produzidas pelas diferentes classes sociais que se materializam nas práticas sociais ao mesma o tempo que são influenciadas por elas, formando um sistema de valores culturais. A ideologia apresenta o modo como cada grupo ou classe social atribui sentido a sua  existência no mundo.

As ideias filosóficas Antonio Gramsci influenciaram Paulo Freire.
Duas consequências importantes derivam dessa visão. A primeira é a valorização da cultura na análise das relações sociais. A segunda é o papel as classes dominantes podem ter no processo de transformação da sociedade.

  Quem escreveu sobre isso


Antonio Gramsci

Antonio Gramsci (1891-1937) foi um dos principais intelectual marxista do século XX. É um dos responsáveis por valorizar o papel da cultura na luta de classes. Para Gramsci, a chegada das classes trabalhadoras ao poder deve ser precedida pela mudança de mentalidade de sociedade. Ele atribui à educação e à cultura uma importância significativa na formação da sociedade, pois são espaços para a construção da hegemonia social.


Na visão de Gramsci, as ideologias são expressões das experiências sociais de grupos e classes sociais e estão profundamente vinculadas às práticas culturais de sujeitos coletivos. Sendo assim, as classes dominantes procuram difundir sua forma de explicar o mundo, de modo que possam inspirar o comportamento cultural das classes dominadas e influenciá-lo Quando isso ocorre, estamos diante de uma situação denominada por ele de hegemonia.
Hegemonia
Domínio moral e politico de uma classe social subalterna, com base no sentimento dos subordinados e não na violência.
Em qualquer sociedade, o exercício do poder pressupõe um alternância entre a coesão e consenso. O exercício da hegemonia de uma classe sobre as demais prevê o domínio baseado no consenso e não na força. Isso pode ocorrer pela difusão da ideologia da classe dirigente para todas as esferas da vida, de maneira que se tome a concepção de mundo de todas as classes.






Isso significa que a classe dominante, ao difunda as ideias sobre o papel dos trabalhadores a questão do desemprego, não tem como objetivo produzir uma falsa consciência da realidade, mas Influenciar o modo como esses trabalhadores vão se comportar em seu cotidiano, cobrando mais de si mesmo mais que dos seus empregadores ou do Estado. Portanto a dominação ocorre também no âmbito das relações culturais. No entanto, para Gramsci, as classes dominadas não precisam ser elementos passivos nesse processo. Elas podem construir sua própria visão de mundo e se contrapor à visão dominante. Esse processo se chama contra-hegemonia. Para isso, e necessária a existência de intelectuais vinculados às classes dominadas, que possam ajudar a produzir outros olhares sobre o mesmo fenômeno.

Significa dizer que as organizações sindicais e os grupos políticos ligados aos trabalhadores podem produzir explicações distintas daquelas apresentadas pelas classes dominantes. Ao fazê-lo permitem aos trabalhadores e ao conjunto mais amplo da sociedade rejeitar a ideia dominante e se mobilizar contra as relações vigentes.
As organizações de trabalhadores podem ser uma forma de construção de contra-hegemonia.
O Educador e filosofo pernambucano Paulo Freire (1921-1997) elaborou uma reflexão sobre o papel da ideologia que se vale dos dois aspectos utilizados anteriormente. Para ele, a ideologia dominante e incutida na mente e na prática dos indivíduos por meio do processo educacional. A pedagogia tradicional associa-se ao modo de ver e agir das classes dominantes e falseia a realidade, apresentando o olhar dominante como o único possível.
Em sua obra, o pensador brasileiro discute como a escola reproduz e ensina aos estudantes a ideologia dominante, principalmente quando adota o modelo que ele denomina educação bancária. Freire afirma que o modelo de educação adotada em nossa sociedade produz exclusão, desigualdade e miséria, além de manter a submissão das classes populares às elites dominantes.
Mas a educação pode cumprir outro proposito social, de caráter emancipatório. Como Gramsci, Freire considera que ela também pode ser utilizada como ação contra-hegemônica. Por meio do desenvolvimento de uma ação pedagógica que rejeite os valores pelos quais a ideologia dominante reproduz injustiças sob o discurso do mérito individual, Freire acredita que as classes populares podem produzir um discurso alternativo sobre o mundo, permitindo aos dominados se libertarem do controle ideológico e se tornarem sujeitos ativos na transformação da sociedade.


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