domingo, 24 de maio de 2020

As relações entre individuo e sociedade

Entre os estudiosos que se preocuparam em analisar a relação do individuo com a sociedade destacam-se autores clássicos da Sociologia, como Karl Marx (1818-1883), Emile Durkheim (18581917) e Max Weber (1864-1920), e outros mais recentes, como Norbert Elias (1897-1990) e Pierre Bourdieu (1930-2002).


Karl Marx, os indivíduos e as classes sociais
Para o alemão Karl Marx, o ser humano, além do resultado da evolução biológica da espécie, é um produto histórico em constante mudança, dependendo da sociedade na qual está inserido e das condições em que vive. Assim, os indivíduos devem ser analisados de acordo com o contexto social em que vivem.

O homem primitivo, segundo Marx, diferencia se dos outros animais não apenas pelas características biológicas, mas também por aquilo que produzia no espaço e na época em que vivia. Coletando alimentos, caçando, defendendo se e criando instrumentos, nossos ancestrais construíram sua história e sua existência na sociedade.
Ao produzir as condições materiais de existência, o ser humano elabora sua consciência, seu modo de pensar e conceber o mundo, isto é, as explicações, as leis, a moral e a religião em uma sociedade. E nesse sentido que Marx afirma que é a maneira como os indivíduos produzem sua existência que condiciona o processo de vida social, politica e intelectual, ou seja, o modo como a pessoa vive determina como ela pensa. Assim, a sociedade produz o individuo e este produz a sociedade.
A capacidade de se relacionar em sociedade trabalhando, aprendendo, construindo e inovando é uma característica fundamental do ser humano. Por isso, Marx não analisa um individuo genérico, abstrato, mas os indivíduos humanos reais que vivem em uma sociedade histórica. A produção da individuo isolado, fora da sociedade, é tão inconcebível quanto o desenvolvimento da linguagem sem indivíduos que vivam juntos e conversem.

Constituição das classes
De acordo com Marx, na sociedade capitalista quando se desenvolveu de medo mais preciso o trabalho assalariado, os trabalhadores perderam o domínio sobre sua vida e passaram a depender do capitalista; não trabalham mais para si, mas vende seu trabalho e não conseguem se reconhecer no que fazem e produzem.
É na luta diária para se contrapor a esse tipo de vida desumanizado, no qual são reduzidos a uma coisa que pode ser vendida, comprado e até descartada, que os indivíduos trabalhadores se identificam e se unem para questionar a realidade de exploração, configurando uma classe social.
Ao analisar a sociedade capitalista e os indivíduos, Marx trata das relações entre as classes sociais, mas a ideia do individuo como ser social continua presente. Isso fica claro quando Marx afirma que os seres humanos constroem sua história, mas não da maneira que querem, pois são condicionados por situações anteriores. Para ele, existem fatores sociais, políticos e econômicos que levam os indivíduos e as classes a percorrer determinados caminhos, mas todos têm capacidade de reagir a essas situações e até mesmo de transformá-las.
O ponto central da análise que Marx faz da sociedade capitalista está nas relações estabelecidas entre as classes que compõem essa sociedade. Para ele, só é possível entender as relações dos indivíduos com base nos antagonismos, nas contradições e nos conflitos entre as classes sociais, ou seja, na luta de classes que se desenvolve a medida que homens e mulheres procuram satisfazer suas necessidades, sejam elas oriundas do estômago ou da fantasia.
 
O "homem real" faz a História: populares invadem a Assembleia Constituinte da França em 15 de maio de 1848, para forçá-la a manter suas conquistas democráticas e sociais. Pintura de autor desconhecido, sem data.

nas palavras de
MARX e ENGELS

Burgueses e proletários
A história de todas as sociedades até hoje existentes e a história das lutas de classes.
Homem livre e escravo, patrício e plebeu, senhor feudal e servo, mestre de corporação e companheiro, em resumo, opressores e oprimidos, em constante oposição, têm vivido numa guerra ininterrupta, ora franca, ora disfarçada; uma guerra que terminou sempre ou por uma transformação revolucionária da sociedade inteira, ou pela destruição das duas classes em conflito.
Nas mais remotas épocas da História, verificamos, quase por toda parte, uma completa estruturação da sociedade em classes distintas, uma múltipla gradação das posições sociais. Na Roma antiga encontramos patrícios, cavaleiros, plebeus, escravos, na Idade Média, senhores, vassalos, mestres das corporações, aprendizes, companheiros, servos, e, em cada uma destas classes, outras gradações particulares.
A sociedade burguesa moderna, que brotou das ruinas da sociedade feudal, não aboliu os antagonismos de classe. Não fez mais do que estabelecer novas classes, novas condições de opressão, novas formas de luta em lugar das que existiram no passado.
Entretanto, a nossa época, a época da burguesia, caracteriza-se por ter Simplificado os antagonismos de classe. A sociedade divide-se cada vez mais em dois campos opostos, em duas grandes classes em confronto direto: a burguesia e o proletariado.
[...]
MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Manifesto comunista. São Paulo: Boitempo, 1998. P.40-41.


Postagem anterior
Próximo post

0 Comments:

‹‹ Postagem mais recente Postagem mais antiga ››