quarta-feira, 27 de maio de 2020

Fundamentos Econômicos da Sociedade


Visão geral sobre o processo de produção
Quando vamos a um supermercado e compramos gêneros alimentícios, bebidas, calçados, material de limpeza, eletrodomésticos, etc., estamos comprando bens. Da mesma forma, quando pagamos a passagem de ônibus ou uma consulta médica, estamos pagando um serviço.
Portanto, bens são todas as coisas palpáveis, concretas, e que são produzidas para satisfazer as necessidades das pessoas. Já uma consulta médica, uma aula, a entrega de um jornal, são exemplos de serviços.

Bens e serviços existem para satisfazer as necessidades dos indivíduos. E resultam de algum tipo de transformação dos recursos da natureza pelos processos de produção.

Produção, distribuição e consumo de bens e serviços: a vida econômica da sociedade
Podemos dizer que o ser humano com o seu trabalho produz bens e serviços. Ao viver em sociedade, as pessoas participam diretamente da produção, tendo como principais atividades econômicas a produção, a distribuição (circulação) e o consumo de bens e serviços. Assim, o conjunto de indivíduos que participa da vida econômica de uma nação é o conjunto de indivíduos que participa da produção, da distribuição e do consumo de bens e serviços.
Quando os operários estão trabalhando, eles estão ajudando a produzir; quando, com o salário que recebem, compram algo, estão participando da distribuição, pois estão comprando bens e serviços. E quando consomem os bens e serviços que adquirem, participam da atividade econômica de consumo de bens e serviços.


Considerando esses três elementos, é óbvio que para que haja distribuição e consumo de algum bem ou serviço é necessário que tenha havido anteriormente a produção desse bem ou serviço. Isso torna a produção a atividade econômica mais importante de um país.
Tomemos, por exemplo, o processo produtivo que ocorre em uma indústria de móveis: a árvore (matéria bruta) é derrubada; as toras de madeira (matéria-prima) vêm para a indústria de móveis. Aí chegando, sofrem a ação transformadora das máquinas e equipamentos e do trabalho dos operários, resultando desse processo um novo bem – uma cama, uma mesa, uma cadeira -, que será colocado à venda.
Produção é a transformação da natureza da qual resultam bens que vão satisfazer as necessidades dos indivíduos. Portanto, produzir uma nova combinação aos elementos da natureza.

Transformando matéria-prima em bens
Vejamos outro exemplo, que nos permitirá compreender de forma mais detalhada o processo produtivo. Ao trabalhar, a costureira transforma o corte de tecido de linho - que é obtido de matéria-prima vegetal – numa roupa: para isso ela utiliza linhas, botões, colchetes, etc. E também tesouras, agulhas e máquina de costura. Além disso, para poder trabalhar, ela gasta energia elétrica para a iluminação da casa e para o funcionamento da máquina de costura elétrica.
Como vemos, um dos elementos que intervêm no processo de produção é o trabalho.
Trabalho é a atividade realizada pela pessoa que, utilizando os instrumentos de produção, transforma a matéria-prima num bem.

Energia física e mental: a força de trabalho
Continuando com o exemplo da costureira, ao trabalhar ela gasta energia física e mental. Essa energia gasta durante o processo de trabalho é chamada força de trabalho.
Da mesma forma, os operários em sua jornada de trabalho, professores e alunos em suas atividades escolares ou acadêmicas, médicos, cientistas, domésticos, artistas, todos empregam sua força de trabalho na realização de suas tarefas.

Processo de produção: um resumo
Resumindo: o processo de produção é composto de três elementos principais associados:
  •       Trabalho;
  •        Matéria-prima;
  •        Instrumentos de produção.

Vamos analisá-los melhor.

Trabalho
Toda atividade desenvolvida pelo ser humano – seja ela física ou mental – é considerada trabalho. Dele resultam bens e serviços. É trabalho tanto a atividade do operário de uma indústria como a do arquiteto que projeta os bens a serem produzidos por essa indústria.
Assim, tanto a atividade manual como a atividade intelectual são trabalho, desde que tenham como resultado a obtenção de bens e serviços.

Manual e intelectual: uma combinação
Deve-se considerar que toda atividade manual implica uma atividade mental. Algumas profissões exigem do trabalhador uma atividade intelectual maior (no exemplo anterior, o arquiteto) do que outras (o operário). Todo trabalho é sempre uma combinação desses dois tipos de atividade – manual e intelectual. O trabalho de um operário é mais manual que intelectual ou, em alguns casos, quase exclusivamente manual; ainda assim, exige um mínimo de esforço mental. O trabalho do arquiteto é mais intelectual que manual – a concepção de uma forma no espaço -, mas, ainda assim, a sua atividade tem um aspecto manual, seja no manuseio de seus instrumentos de trabalho, seja na passagem da concepção do projeto para o papel.
Então, não existe trabalho exclusivamente manual ou trabalho exclusivamente intelectual, mas, sim, trabalho predominantemente manual ou predominantemente intelectual.
O trabalho executado por um desenhista industrial exige uma aprendizagem anterior, um certo nível de aprendizagem anterior: ele é capaz de executá-lo por imitação.

Uma classificação do trabalho
Quanto à execução, o trabalho pode ser classificado conforme o grau de capacidade exigido das pessoas que o exercem. Assim, temos:
  • Trabalho qualificado – não pode ser realizado sem um grau de aprendizagem: o trabalho de um torneiro mecânico, por exemplo, enquadra-se nessa categoria;
  • Trabalho não qualificado – pode ser realizado praticamente sem aprendizagem; por exemplo, o trabalho de um servente de pedreiro.
O trabalho predominantemente intelectual é em geral qualificado.
É interessante notar que a essa classificação são atribuídos, conforme o grau de capacitação exigido pelas tarefas a cumprir. Analisando anúncios de emprego podemos avaliar as vantagens salariais de um torneiro ou de um instrumentista – cujas funções exigem um aprendizado prévio – em relação a um operário da construção civil não especializado, por exemplo.

Matéria-prima
Os elementos que, no processo de produção, são transformados para constituírem o bem final são chamados de matéria-prima.
No exemplo da costureira, suas matérias-primas são o tecido, a linha, os botões, os colchetes.
Todos esses elementos passam a constituir a roupa, de uma maneira ou de outra. Já para as indústrias desses objetos, a matéria-prima está na natureza: o linho vegetal, o algodão, a seda, o plástico, o metal, etc.
Antes de se transformar em matérias-primas, os elementos encontravam-se na natureza sob a forma de recursos naturais.

Recursos naturais
Os seres humanos, visando obter os bens e serviços de que necessitam, utilizam-se de recursos como o solo (para a agricultura e a pecuária), as rochas (para a mineração) e os rios e quedas-d’água (para a navegação e a produção de energia elétrica).
 

Instrumentos de produção

Todas as coisas que direta ou indiretamente nos permitem transformar a matéria-prima num bem são chamadas de instrumentos de produção.

Os instrumentos de produção que nos permitem transformar diretamente a matéria-prima são as ferramentas de trabalho, os equipamentos e as máquinas. No exemplo da costureira, esses instrumentos são a tesoura, a agulha e a máquina de costura.

Os instrumentos de produção que atuam de forma indireta – mas não menos necessária – são o local de trabalho, as condições físicas necessárias, como iluminação, ventilação, etc.

Assim, instrumento de produção é todo bem utilizado pelo ser humano na produção de outros bens e serviços.

Os seres humanos recorrem aos instrumentos de produção na sua atividade produtiva, pois dessa forma obtêm maior eficiência no seu trabalho.

 

Máquinas e equipamentos: os meios de produção

Como vimos, sem matéria-prima e sem instrumentos de produção não se pode produzir nada. Eles são os meios materiais para realizar qualquer tipo de trabalho. Por isso, são considerados meios de produção.

Portanto, são meios de produção todos os objetos materiais que intervêm no processo produtivo.

Retomemos o exemplo de uma indústria de móveis. Nela utilizam-se: trabalho (o esforço físico e intelectual dos trabalhadores); matéria-prima; máquinas e equipamentos (instrumentos de produção). A matéria-prima e os instrumentos de produção constituem os meios de produção.

 

Trabalho e meio de produção: as forças produtivas

Toda empresa combina em seu processo produtivo o trabalho e os meios de produção. Esses elementos encontram-se presentes tanto no trabalho realizado pela costureira como no trabalho realizado em uma grande indústria moderna.

Sem o trabalho humano nada pode ser produzido; e sem os meios de produção os seres humanos não podem trabalhar.

Ao conjunto dos meios de produção mais o trabalho humano, dá-se o nome de forças produtivas. Assim:

  

 

 

Forças Produtivas = meios de produção + seres humanos

 

 

As forças produtivas alteram-se ao longo da história. Assim, até meados do século XVIII, a produção era feira como o uso de instrumentos simples, acionados por força humana, por tração animal e pela energia proveniente da água ou do vento. Com a Revolução Industrial (século XVIII), foram inventadas as máquinas e passou-se a usar o vapor e a eletricidade como fontes de energia. Alteraram-se, portanto, os meios de produção e também as técnicas de trabalho. Houve uma profunda mudança nas forças produtivas.

No processo moderno de produção, a ciência e a tecnologia tornaram-se forças produtivas, deixando de ser mero suporte do capital para se converter em agentes de sua acumulação. Consequentemente, mudou o modo de inserção dos cientistas e técnicos na sociedade – tornaram-se agentes econômicos diretos. E a força capitalista encontra-se no monopólio dos conhecimentos e da informação.

 

Relações de produção

 

Para produzir os bens e serviços de que necessitam, os indivíduos estabelecem relações uns com os outros. No processo produtivo, as pessoas estão ligadas entre si e dependem umas das outras. O trabalho é um ato social, no sentido de que é realizado na sociedade.

As relações que se estabelecem entre os seres humanos na produção, na troca e na distribuição dos bens e serviços são chamadas relações de produção.

As relações de produção existem em todos os processos de produção e, de uma maneira especial, entre os proprietários dos meios de produção, de um lado, e os trabalhadores, de outro. São essas relações de produção que caracterizam o capitalismo.

No Brasil colonial, por exemplo, o trabalho era praticamente todo realizado por escravos. Os senhores eram donos dos meios de produção e também dos escravos. As relações de produção predominantes eram, portanto, relações escravistas. Hoje, praticamente todo o trabalho é realizado por trabalhadores assalariados.

Os meios de produção são propriedades de empresas particulares.

Portanto, pode-se afirmar que o elemento que determina a organização e o funcionamento da sociedade e que caracteriza cada um dos diferentes tipos de sociedades são as relações de produção. São essas relações que nos permitem distinguir um tipo de sociedade de outro.

 

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