quinta-feira, 9 de julho de 2020

O capitalismo comercial

A partir do século XV, o comércio trouxe transformações significativas à organização das atividades econômicas, com repercussão na organização espacial do planeta.


Ao mesmo tempo, a expansão comercial influenciou o desenvolvimento tecnológico. A invenção da caravela, da bússola e do astrolábio náutico e o desenvolvimento da cartografia criaram novas possibilidades de navegação a longa distância. Também É Dessa época a invenção da imprensa (1456), que possibilitou novas formas de intercâmbio, a difusão de saberes e, consequentemente, a divulgação das novas invenções para um espaço geográfico cada vez mais amplo.

O uso da pólvora foi fundamental para a integração compulsória dos povos ao sistema político e económico que surgiu no continente europeu - o capitalismo comercial - caracterizado sobretudo pelo acúmulo de riquezas geradas pela atividade comercial pela exploração de terras e povos ultramarinos. Portugal e Espanha, seguidos de Holanda, Inglaterra e França, estabeleceram entrepostos comerciais em todo o mundo. A América colonizada, além de fornecer produtos tropicais - raros e caros - para o continente europeu, contribuiu com o ouro e a prata para a consolidação do capitalismo comercial desses novos países.

 

 CONTEXTO LITERÁRIO

 

Os Lusiadas - Canto I

 

As armas e os barões assinalados

Que da Ocidental praia lusitana.

Por mares nunca dantes navegados

Passaram ainda além da Taprobana,

Em penso e guerras esforçados

Mais do que prometia a força humana,

Entre gente remota edificaram

Novo Reino que tanto sublimaram;

E também as memorias gloriosas

Daqueles Reis que foram dilatando

A Fé o Império, e as terras viciosas

De África e de Ásia andaram devastando.

E Aqueles que por obras valerosas

Se vão da lei da Morte libertando,

Cantando espalharei por toda parte

Se a tanto me ajudar o engenho e arte. [...]

 

CAMÕES, Luis de 0bra completa Rio de janeiro Aguilar, 19g63 p9

 

 

O mercantilismo foi uma doutrina política e econômica que criou as bases de uma nova geografia europeia e mundial, pois fortaleceu a unificação territorial a partir de um governo centralizado, que caracterizou os Estados nacionais europeus. Tais Estados diversificaram suas possibilidades econômicas e acumularam riquezas com o comércio e o protecionismo de seu mercado interno. Com isso, ampliaram-se as relações espaciais, baseadas na escravização e na comercialização da mão de obra africana e na exploração colonial (implantação de sistemas de produção agrícola e mineral nas terras ocupadas na América). Intensificou-se também o comércio com a Ásia.

Defendendo o fortalecimento do Estado por meio do acúmulo de metais preciosos (metalismo) e do controle governamental da economia, o mercantilismo tinha o objetivo de promover a expansão comercial e ao mesmo tempo proteger o mercado interno (protecionismo). Foi com o mercantilismo que apareceu pela primeira vez o conceito de balança comercial favorável, obtida quando as exportações superam as importações. Do ponto de vista geográfico, essa doutrina pressupõe o desenvolvimento de uma infraestrutura que facilite as atividades comerciais internas e internacionais, como vias de comunicação e portos.

 

O cambista, de Quentin Massys (1465-1530), retrata a época em que as atividades comerciais e financeiras passaram a comandar a vida urbana. A arte renascentista dos séculos XV e XVI caracterizou-se pela representação da realidade, a riqueza de detalhes, o estudo da perspectiva e da luzes valorização da figura humana. Museo de Bellas Artes, Bilbao. 

Muitos capitalistas que haviam acumulado riquezas com a circulação de mercadorias (comércio) investiram também na atividade produtiva. Ao mesmo tempo em que o comércio se expandia em larga escala, ocorria o desenvolvimento da manufatura.

 

Manufatura

Processo de produção caracterizado pela utilização de Ferramentas simples pela divisão de tarefas no qual cada trabalhador executar parte do trabalho Antecede o uso das maquinas mas não era a utilização do processo manufatura em pequenas oficinas como confecções e fabricas de calçados

 

A atividade manufatureira ajustava-se bem ao crescimento do mercado urbano, ocorrido com o renascimento comercial. Na produção manufatureira, o trabalho era dividido em etapas. Os trabalhadores, que não detinham mais a posse dos instrumentos de trabalho, especializar-se na execução de uma determinada etapa do processo. Isso diminui o tempo total gasto na produção da mercadoria, elevando, consequentemente, a produtividade e os lucros do dono da manufatura.

 

Renascimento comercial

Processo que ocorreu na etapa de transição entre idade Media e idade Moderna sendo marcado pelo desenvolvimento do comercio e o enfraquecimento do feudalismo. O termo "renascimento" se deve ao fato de que, durante o periodo feudal o comércio deixar de ser uma atividade importante ou dominante os feudos, do ponto de vista produtivo, eram praticamente autossuficientes.

 

O capitalismo industrial

As transformações socioeconômicas dos séculos XV e XVI promoveram a integração mundial da produção na organização do espaço geográfico, marcado pelo advento do capitalismo comercial.

A acumulação de capital e as novas técnicas, aplicadas à produção de mercado rias e aos meios de transporte, materializaram, no século XVIII, uma nova forma de acumulação de riquezas. Foi o inicio da Revolução Industrial e a consolidação do sistema capitalista. A partir desse período as transformações geográficas aceleraram-se continuamente e atingiram todas as dimensões da vida humana.

O sistema capitalista passou por diversas fases desde suas origens até os dias atuais. Alguns de seus princípios permanecem:

• A propriedade privada dos centros de produção e dos bens pessoais é um direito que pode ser transmitido aos descendentes.

• O trabalho é assalariado, e o valor da remuneração depende da qualificação profissional e da oferta de mão de obra.

• O funcionamento desse sistema depende das diferenças socioeconômicas entre os que são proprietários dos meios de produção e a maioria da população, que depende de sua força de trabalho.

• A divisão por classes socioeconômicas e o poder econômico e político de um grupo social sobre outro

• As atividades econômicas têm como objetivo o lucro, apropriado pelos proprietários ou acionistas e aplicado na ampliação do capital a ser reinvestido na produção.

• É um sistema produtor de mercadorias e serviços destinados ao mercado. O termo mercado refere-se a oferta e procura, tanto de mercadorias quanto de serviços e capitais. O equilíbrio do sistema capitalista depende, em grande parte, de uma oferta de mercadorias ou serviços equivalente à capacidade de consumo.

 

Força de trabalho

Capacidade de um grupo de indivíduos detentores de condições físicas e mentais para gerar renda.

 

A Primeira Revolução Industrial

Uma das mais profundas transformações espaciais já ocorridas deu-se com a introdução da indústria moderna na Inglaterra, que marcou o início do capitalismo industrial. A industrialização não provocou mudanças apenas na forma de produção, mas também reorganizou o espaço geográfico, modificou as relações territoriais, sociais e políticas. As regiões industriais atraíram mão de obra, as cidades ampliaram-se física e demo graficamente e tornaram-se centros econômicos muito importantes.


Com a invenção da máquina a vapor, em 1769, e sua incorporação às fiação e tecelagens, a produção industrial ganhou grande impulso. Os trabalhadores foram concentrados num mesmo local de produção - a fábrica - e consolidou-se a relação de trabalho assalariado. O navio e a locomotiva a vapor revolucionaram os meios de transporte e contribuíram para a expansão das atividades industriais e dos mercados para seus produtos.

O sistema fabril, inaugurado na Inglaterra, ampliou o controle sobre os trabalhadores. Nas fábricas, eles eram obrigados a trabalhar num ritmo definido pelas máquinas. Devido à extensa jornada de trabalho, que chegava a 16 horas diárias, os operários, na maioria das vezes vindos do campo, se amontoavam em habitações precárias, próximas das fábricas, formando bairros miseráveis.

Gustave Doré (1832-83). Dudley Street, Seven Dials, de "London - A Pilgrimage, 1872 Gravura colorida posteriormente A Imagem mostra bairro da periferia de Londres no final do século XIX.

Outra parte da mão de obra disponível foi requisitada para o trabalho nas minas de carvão mineral, a fonte de energia usada na primeira fase da Revolução Industrial. Crianças a partir de cinco anos de idade eram obrigadas a carregar sacos de carvão até a saída das minas. Na época, o trabalho infantil era utilizado com frequência nessa e em outras atividades. A França colocou restrições ao trabalho infantil, embora não abdicasse dele. Em 1841, promulgou uma lei proibindo que crianças menores de 12 anos realizassem a jornada de trabalho completa de 12 horas. No entanto, elas podiam realizar uma jornada "mais branda", de 8 horas.

A industrialização ampliou a divisão do trabalho dentro da unidade de produção (a fábrica) e no interior da sociedade de cada país. Ao mesmo tempo, estabeleceu a Divisão Internacional do Trabalho entre os países industriais e as regiões fornecedoras de produtos agrícolas e minerais.

Com a Revolução Industrial o capitalismo avançou de modo expressivo. As alterações introduzidas no processo produtivo refletiram se na organização da sociedade, nas relações entre regiões distantes e entre o campo e a cidade e na a celerada urbanização.

O capitalismo comercial já havia modificado a estrutura e o papel das cidades e o modo de vida urbano. Na cidade, desenvolveram-se a produção artesanal a manufatureira e estabeleceram-se bancos e casas comerciais, que recebiam e distribuíam boa parte da produção das áreas rurais e das colônias. Com o capitalismo industrial, o papel econômico e politico das cidades tornou-se mais evidente.

Ao mesmo tempo, a Revolução Industrial promoveu uma Revolução Agrícola, com a produção de novos instrumentos para a atividade agrícola, a modificação do sistema de propriedade e a organização do trabalho no campo! As mudanças na agricultura estenderam-se por toda a Europa. Porém, do mesmo modo que ampliaram a produtividade da terra, expulsaram grande quantidade de pessoas das áreas rurais. Essa população dirigiu-se para as áreas urbanas, tornando-se mão de obra abundante e barata para os novos estabelecimentos industriais.

Os que permaneceram no campo passaram a produzir bens para o abastecimento das cidades ou matérias-primas para as indústrias. O trabalho agrário, cada vez mais especializado e menos direcionado à subsistência, obrigava o agricultor a adquirir no mercado os produtos necessários ao consumo.

Outra situação criada pela Revolução Industrial foi a intensificação do intercâmbio comercial. Estradas foram construídas e ampliadas para facilitar o transporte de mercadorias e de passageiros, os cursos de rios navegáveis foram ligados por canais e, a partir do século XIX, um novo meio revolucionou o sistema de transportes: a ferrovia. A invenção da locomotiva a vapor, na Grã-Bretanha, estava associada à necessidade de transportar grandes quantidades de matéria-prima, como, por exemplo, o carvão mineral.

O crescimento da produção industrial na Inglaterra e a necessidade de ampliar o mercado para além das próprias fronteiras deram origem ao liberalismo econômico. Essa teoria considerava nociva a intervenção do Estado na economia e defendia a livre concorrência entre as empresas e os países. Naquele momento, as ideias liberais interessavam principalmente à Inglaterra, que não encontrava concorrente frente a seu nível de desenvolvimento técnico e a sua grande capacidade de transporte, propiciada por sua imensa frota naval. 

A view in Regent's Park in 1831, from The progress of steam, 1828, litografia de Henry Thomas Alken, que ironiza o entusiasmo da população inglesa pela locomotiva a vapor.

A Segunda Revolução Industrial

Durante a Primeira Revolução Industrial, as indústrias foram instaladas próximo às minas de carvão. No final do século XIX, o uso da eletricidade e do petróleo como fontes de energia, a maior extensão das vias de circulação, a velocidade das ferrovias e a evolução e ampliação dos sistemas de transporte possibilitaram a instalação de indústrias em locais mais distantes das fontes de energia e de matéria-prima.

A Segunda Revolução Industrial caracterizou-se por transformações quantitativas e qualitativas. A eletricidade e o petróleo ampliaram a capacidade de produção de energia e acrescentaram novas possibilidades à tecnologia de produção, criando condições para o desenvolvimento de produtos e invenções, como o motor a combustão. Surgiram as grandes siderúrgicas e metalúrgicas e a indústria química e automobilística. A marinha mercante multiplicou sua frota em diversos países europeus, nos Estados Unidos e no Japão. As ferrovias se expandiram por todo o mundo, como meio de transporte e atividade empresarial. A indústria inglesa mantinha, em grande parte, os equipamentos e maquinários tradicionais. Já os novos países que se industrializavam na Europa (como a Alemanha) e em outras regiões do mundo (como os Estados Unidos e o Japão) incorporar as tecnologias que surgiam e instalavam suas indústrias em consonância com as novas infraestruturas de transporte e energia, tornando-se, nesse sentido, mais competitivos.

 

Bibliografia

Território e sociedade no mundo globalizado: geografia: ensino médio, volume 2 / Elian Alabi Lucci, Anselmo Lazaro Branco, Cláudio Mendonça. -1. ed.-São Paulo Saraiva, 2010.

 


Postagem anterior
Próximo post

Um comentário:

  1. eu sou serenity autumn, atualmente morando em texas city, eua. Sou viúva no momento, tenho quatro filhos e estava em uma situação financeira presa em maio de 2019 e precisava refinanciar e pagar minhas contas. Tentei buscar empréstimos em várias firmas de empréstimos, tanto privadas quanto corporativas, mas nunca com sucesso, e a maioria dos bancos recusou meu crédito. mas, como Deus queria, fui apresentada a uma mulher de Deus, um credor privado que me deu um empréstimo de US $ 850.000,00 e hoje sou dono de uma empresa e meus filhos estão bem no momento, se você precisar entrar em contato com qualquer empresa com referência para obter um empréstimo sem garantia, sem verificação de crédito, sem co-signatário com apenas 2 taxas de juros e melhores planos e cronograma de reembolso, entre em contato com o Sr. Pedro no e-mail pedroloanss@gmail.com ele não sabe que estou fazendo isso, mas eu Estou muito feliz agora e decidi deixar as pessoas saberem mais sobre ele e também quero que Deus o abençoe mais.

    ResponderExcluir

‹‹ Postagem mais recente Postagem mais antiga ››