domingo, 26 de abril de 2020

Livro Sociologia em Movimento - Cap. 04 - O controle social

Status e papéis sociais
Nas diversas esferas da sociedade e nos diferentes processos de interação, grupos e indivíduos ocupam posições sociais associadas a diferentes graus de prestigio, poder, direitos e deveres. Na Sociologia, essa condição e denominada status. Todos os membros de uma sociedade ou grupo social possuem uma ou mais posições de status. Por exemplo, em uma empresa, patrões, diretores e empregados ocupam lugares distintos na hierarquia. Portanto, possuem status diferenciados. A cada posição estão relacionados nos diversos níveis de prestigio, responsabilidade, privilégios etc. Quando alguém muda sua posição na hierarquia, seu status também se modifica, de acordo com a nova situação ocupacional.
O status pode ser percebido de acordo com a posição ocupada na sociedade e na estrutura social por indivíduos e grupos, podendo ser legal (quando determinado por leis e normas), social (quando não depende da legislação ou é estabelecido a margem dela) adquirido (quando a posição de status está relacionada ao mérito pessoal) ou atribuído (quando a posição de status designada por outrem).

A cada posição de status é atribuída uma maneira especifica de agir e de se relacionar na vida social. Estamos diante do que a Sociologia denomina papéis sociais. São os comportamentos socialmente esperados de indivíduos e grupos em determinada posição de status. Por exemplo, quando um professor entra na sala de aula, os alunos esperam que ele cumpra certa rotina, socialmente definida. Apesar das diferenças quanto ao modo de conduzir as aulas e de se relacionar com os alunos, ha um conjunto de procedimentos esperado dos professores. Por sua vez, o professor, mesmo ciente das diferenças entre os alunos, tem uma expectativa sobre o que eles devem fazer ou sobre como devem reagir as estratégias pedagógicas utilizadas. No caso, tanto os professores quanto os alunos cumprem um papel social relacionado à posição de status de que desfrutam em certo momento. Ao chegarem a suas casas, após as atividades na escola, estarão em outra posição de status e, consequentemente, exercer outros papéis sociais.

 
O exercício de papéis sociais não pode ser analisado separadamente das posições de status com as quais as pessoas se relacionam. Um mesmo status pode envolver diferentes papeis sociais. No caso de um estudante, sua posição de status comporta papéis sociais como aluno, colega de turma ou amigo, mantém o mesmo status de estudante, mas tem diferentes obrigações e atribuições conforme o ator social com o qual interage.

Controle social
Nas relações sociais, um dos elementos importantes é a possibilidade de prever as ações dos sujeitos com alguma segurança. Essa previsibilidade depende do conjunto de normas que orientam o grupo e da adesão dos membros desse grupo as normas. Tal possibilidade é essencial para a cooperação, manutenção e preservação do grupo social. Por meio dessas normas, que podem ser formais (como as leis) ou informais (como as regras de conduta amplamente aceitas, mas não regulamentadas), o comportamento humano (individual ou coletivo) é orientado para certa conformidade aos padrões permitidos em qualquer sociedade ou grupo social, isto é, estabelecendo as condições para manter a ordem social. Os mecanismos pelos quais se garante conformidade a ordem social constituem um conjunto conhecido como controle social.
O controle social compreende os mecanismos que delimitam as ações e as interações sociais seguindo parâmetros previsíveis, incorporados pelos indivíduos por meio da socialização. Pode ser analisado por duas perspectivas: uma percebe as relações sociais orientadas para uma harmonia funcional, visando ao desenvolvimento coletivo, outra entende essas relações como marcadas pela contradição que estabelece os conflitos sociais, econômicos e políticos que movimentam a sociedade ao longo da história.
A primeira interpretação, derivada da abordagem funcionalista de Durkheim sobre a importância das regras e normas para a coesão social, indica que esse controle deveria garantir harmonia social. Assim, o controle social seria constituído de estruturas materiais e simbólicas que conformam os indivíduos ao sistema social, prevendo punição para os casos em que isso não ocorresse.
Uma agremiação exerce controle social sobre seus membros principalmente pelo processo de socialização. Esse mecanismo que consolida determinado modo de organização coletiva, induzindo e mantendo a conformidade das pessoas a padrões, papéis sociais, relações e instituições valorizados pela cultura.
Outra abordagem para o mesmo fenômeno parte do principio de que as relações sociais e a realidade derivada delas são constituídas por contradições que, em vez de gerar um todo social harmônica, levam ao conflito. Em uma crítica às teorias focadas na ordem e na harmonia social, esse modo de perceber o controle social, visto na tradição sociológica de Karl Marx e Max Weber, faz crer que os mecanismos ou recursos que compõem o controle social estão relacionados a defesa dos interesses de grupos específicos que detém o controle econômico, cultural e político. Interesses antagônicos dos diferentes grupos determinariam os conflitos que dão forma a realidade social como a percebemos, e não um desequilíbrio ou patologia (isto é, o desvio do que é considerado normal) uma sociedade supostamente harmônica, da qual não consta nenhum registro na história das sociedades.
Nessa abordagem o controle social está relacionado a ideologia e se dá em diferentes instituições sociais. Quando interpretadas como meios de controle ideológico, as instituições sociais não só representam uma vontade coletiva construída nas interações sociais, mas também uma maneira de transformar em comportamento-padrão uma visão de mundo particular de determinado grupo que procura manter sua posição de domínio. A reprodução dos interesses particulares de um grupo ou classe social mediante processos de socialização dos demais grupos e classes impõe os valores específicos dos que detém poder, mesmo se contrários aos interesses dos demais, como se fossem valores coletivos a serem aceitos como normais. O processo de socialização resulta na internalização de tais valores e normas sociais pelos indivíduos, subjetivamente, fazendo com que cada um seja convencido de que é melhor obedecer a elas. Isso legitima as relações de poder ou de dominação.
Como vimos no inicio do capitulo, o modo como agimos na sociedade está intimamente relacionado ao nosso processo de socialização. Vimos ainda que todas as sociedades criam formas estáveis de interação entre os indivíduos. O que garante essa estabilidade são os diferentes agentes e mecanismos de controle social.

Mecanismos de controle social
Para as Ciências Sociais, mecanismos de controle social são todos os elementos sociais (estruturas, padrões culturais, status, atos, instituições) que têm como objetivo conduzir o conjunto das ações individuais para limites relativamente previsível. Por exemplo, as regras de conduta de uma empresa estabelecem limites previsíveis para os empregados. Com esse parâmetro, qualquer comportamento fora do padrão e imediatamente identificado e os patrões podem exercer coerção sobre os indivíduos que desviam a fim de garantir a ordem habitual. Portanto, a internalização de determina formas de conduta por parte dos indivíduos permite a realização de ações coordenadas e espontâneas de grande porte, que vão desde atividades industriais até eventos o situações de lazer, passando por estabelecimentos de ensino e instituições militares. A realização de eventos de grande porte que envolvem milhares de pessoas sem a ocorrência de incidentes relevantes só é possível quando a maioria dos participantes segue um padrão previsível de conduta.

Os mecanismos de controle social podem ser legais (quando organizados em leis, normas e outras formas de expressão legal) ou sociais (quando existem apenas como norma social coletiva, sem previsão legal). Por exemplo, a legislação exige que em determinados lugares (presídios, quartéis tribunais) se utilizem vestimentas especificas, como uniformes outros trajes. Quem não segue a legislação prevista sofre sanções legais (advertência, e suspensão, retirada do local). Entretanto, há formas de se vestir sancionadas socialmente mesmo sem previsão na lei. Vestir-se de modo considerado inadequado por um grupo social implica olhares de reprovação e zombarias, eventualmente até exclusão do grupo. Nesse caso, está em curso um mecanismo social de controle que delimita como os indivíduos devem se vestir.

Agentes de controle social
Os Agentes de controle social são os mesmos que realizam o processo de socialização. A família, a escola, o Estado, a religião e os meios de comunicação de massa são considerados os principais agentes de controle social, já que cabe a eles assegurar a conformidade do comportamento das pessoas a um conjunto de regras e princípios prescritos e aprovados nas sociedades.

Em nossos dias, os meios de comunicação de massa são agentes de controle social bastante eficazes, seja por difundirem modelos de comportamentos e adequação social por meio de sua programação, seja por exercerem o papel de fiscalização das normas e regras sociais. Em um filme ou em uma novela, por exemplo, autores e diretores não se limitam a apontar modos de comportamento social, mas também definem quais comportamentos são adequados e quais são inadequados. O tradicional conflito entre o bem e o mal, tipico dessas formas de expressão artística, produz determinada maneira de olhar e conceber o mundo. Socialmente, isso significa que se associam aos ideais e ao comportamento dos “mocinhos” valores positivos e desejáveis, em contraposição ao comportamento que se deve condenar e evitar, praticado pelos "vilões".
Influenciados por essa dicotomia desde a infância, também reproduzida nas histórias infantis, os indivíduos passam a adotar certo posicionamento nas ações cotidianas. A repetição de modelos serve como elemento formador e também delimitador de comportamentos aprovados ou condenados pela sociedade.

Aparelhos repressivos e ideológicos de Estado
O filosofo franco-argelino Louis Althusser dividiu os agentes de controle social em dois blocos: o de aparelhos repressivos de Estado e o de aparelhos ideológicos de Estado. De acordo com o estudioso, os primeiros compreendem o conjunto órgãos e instituições que estabelecem o controle social por meio da repressão possibilidade de realizá-la, como as Forças Armadas a policia e o sistema judiciário.
Os aparelhos ideológicos de Estado são as instituições que estabelecem o controle social pela difusão de determinadas ideologias e atendem aos interesses daqueles que detêm o poder. Mais difundidos na sociedade contemporânea que os aparelhos repressivos, os aparelhos ideológicos de Estado seriam representados, entre outros, pelas religiões, pela escola, pela família, pelos sistemas de informação e pela cultura. Essas instituições são o veículo para que a ideologia dominante possa se difundir socialmente e possibilitar o controle social pelas classes dominantes. Cabe ressaltar que para Althusser, nenhum aparelho e somente repressivo ou ideológico, pois as dua características estão presentes em todas as instituições, e a classificação depende de sua principal forma de ação.

Quem escreveu sobre isso
Filósofo franco-argelino, Louis Althusser referência
nos estudos marxistas sobre ideologia considerado
o pai da perspectiva critico-reprodutivista, que influenciou
 intrectuais como Pierre Bourdieu e jean-Claude Passeron
.
Louis Althusser
Nascido na Argélia, Louis Althusser (1918-1990) foi um pensador humanista que se dedicou ao estudo das ideologias. Em um de seus trabalhos mais conhecidos, Ideologia e aparelhos ideológicos do Estado, articulou marxismo e psicanalise para caracterizar a ideologia como uma relação imaginária que, convertida em práticas concretas, reproduz as relações de produção vigentes em dada sociedade. Para o autor, a escola e um aparelho ideológico do Estado que contribui para a sustentação da ordem social e política burguesa.


A perspectiva desenvolvida pelo autor é pessimista em relação capacidade de ação autônoma do individuo diante do controle exercido pelas classes dominantes. A escola, por exemplo, é vista por Althusser como o aparelho ideológico de Estado mais significativo da sociedade contemporânea. Todas as características da sociedade capitalista se reproduzem no espaço escolar, tanto do ponto de vista ideológico quanto do repressivo, nas diferentes relações sociais estabelecidas pelos atores sociais.
Essa posição, no entanto, é contestada pelo fato de pressupor um domínio completo das estruturas sobre os indivíduos. O cientista politico Carlos Nelson Coutinho critica Althusser por seu esquecimento da história e por seu entendimento das estruturas como elemento absoluto da formação social. Em sua crítica, Coutinho denuncia o abandono da discussão sobre o papel dos indivíduos na história e a capacidade destes de transformá-la.

Quem escreveu sobre isso
O professor Carlos Nelson Coutinho, cientista
politico baiano reconhecido Internacional-
mente por sua análise  da obra  de Gramsci.
Carlos Nelson Coutinho 

O filósofo, cientista politico e critico literario Carlos Nelson Coutinho (1943-2012) foi um intelectual marxista de grande influência no Brasil. Professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), teve papel importante na construção de uma teoria politica no Brasil, em particular na crítica ao estruturalismo marxista e na defesa da democracia como valor universal.


Saiba mais 
Sociedade disciplinar 
O filósofo francês Michel Foucault (1926-1984) tornou-se celebre por seus estudos sobre a relação sociedade, poder e individuo. Suas críticas a Psiquiatria, ao sistema prisional e outras instituições sociais, como as escolas e os quartéis assim como seus estudos sobre sexualidade e subjetividade, fizeram dele um dos mais prestigiados pensadores do século XX. Professor titular de História dos Sistemas de Pensamento no College de France, Foucault vê as sociedades modernas e suas instituições disciplinares e hierárquicas, dotadas de uma tecnologia politica que visa tornar corpos disciplinados e controlar o espaço, o tempo e as informações.
O filosofo francês Michel Foucault é referencia
nos estudos sobre as sociedades disciplinares
Para o autor, sociedades disciplinares estruturam modelos de controle social que articulam diferentes técnicas de segregação, monitoramento e vigilância, as quais perpassam a vida social por meio de uma cadeia hierárquica oriunda de um poder central. Foucault desenvolveu estudos sobre a escola e ideias pedagógicas na Idade Moderna, identificando-as como instrumentos de controle e dominação que visam suprimir ou conformar os comportamentos divergentes. Sua percepção das sociedades disciplinares foi diretamente influenciada pela teoria do panoptismo, proposta no seculo XVIII pelo filósofo e jurista inglês Jeremy Bentham (17481832).


Quem escreveu sobre isso
Bastante influenciado por Louis Althusser, Jean Claude
 Passeron levantou importante questões no livro A reprodução,
escrito em parceria Pierre Bourdieu.
Jean-Claude Passeron 
Jean-Claude Passeron (1930-) é um filósofo e sociólogo francês que, com Bourdieu, publicou duas obras clássicas sobre Sociologia da Educação: Os herdeiros (1964) e Reprodução (1970). Ex-professor da Universidade de Nantes e atualmente professor da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais, nos anos 1970 também publicou com Bourdieu e Jean-Claude Chamboredon a obra clássica O ofício de sociólogo. Sua obra prima, contudo, é Raciocínio sociológico (1991), na qual, baseado em Weber, resgata a dualidade entre Ciências Naturais e Ciências Sociais, reconhecer o caráter histórico dassas últimas.

Panoptismo
O termo "panoptico" foi utilizado por Jeremy Bentham para referir-se a uma unidade penitenciária idealizada por ele em 1791. Esse tipo de projeto arquitetônico permite que um vigia observe os prisioneiros sem que estes saibam se estão ou não sendo vistos. Também pode ser utilizado em manicômios, escolas, fábricas e hospitais. Imortalizada por Foucault em sua obra Vigiar e punir (1975), a teoria do panoptismo tem sido resgatada por teóricos das novas tecnologias, como Pierre Lévy, para referir-se ao controle exercido pelos novos meios de comunicação sobre seus usuários.

Quem escreveu sobre isso
O sociólogo francês Pierre Bourdieu foi o
criador do "estruturalismo construtivista”.

Pierre Bourdieu
 Pierre Bourdieu (1930-2002) foi um sociólogo francês que construiu sua obra referenciado em autores clássicos como Max Weber e Karl Marx. Em seu "estruturalismo construtivista" Bourdieu argumentava que o mundo social é composto de estruturas objetivas que constrangem a atuação dos indivíduos, sendo incorporadas, legitimadas e produzidas por eles. Bourdieu buscou realizar uma "Sociologia da Sociologia", ou seja, uma in investigação sociológica sobre a formação e a atuação dos sociólogos.

Meios de comunicação e tecnologias da informação
Percebe-se que, paralelamente a influência dos meios de comunicação sobre a sociedade, surgem também novos modos de utilização das tecnologias da informação, voltados para a produção de visões e comportamentos alternativos. Um exemplo são as rádios e as TVs comunitárias, que usam técnicas empregadas na produção de filmes e novelas para apresentar uma interpretação distinta das difundidas pela indústria cultural, ressignificando-as ao valorizar aspectos ignorados pelas grandes empresas de comunicação.
Outro exemplo atual são as redes sociais. Ainda que com alcance limitado e, por vezes, marcadas pelo consumismo e pelo individualismo, essas redes se tornaram instrumentos importantes na produção de novos significados e novas formas de comportamento, que se diferenciam dos padrões estabelecidos pelas classes sociais dominantes.
Um bom exemplo disso foi a utilização das redes sociais nos eventos da chamada Primavera Árabe, pois elas permitiram aos que lutavam contra governos autoritários (que por décadas exerceram controle sobre a população e reprimiram a oposição) transmitir e divulgar ideias e eventos, superando o bloqueio das mídias oficiais. Assim, conseguiram obter apoio para sua luta politica em várias partes do mundo.

Considerações sociológicas

Escola: um lugar de controle ou de aquisição de conhecimento?
A escola foi sempre um dos temas mais polêmicos na Sociologia, justamente por ter tomada, ao longo do século XX, uma das atitudes centrais no processo de socialização dos indivíduos. A Sociologia contemporânea, observar outras conexões entre escola, educação e sociedade. Uma das teorias mais importantes do seculo XX, a de Bourdieu, aponta a escola como um espaço que reproduz as desigualdades sociais, cultura e econômicas. No livro A reprodução, Bourdon e Passeron apontam que, em uma sociedade de classes, as distinções não são apenas econômicas, mas também culturais. Assim, as classes dominantes possuem determinadas características culturais que se distinguem das classes trabalhadoras pelos gostos, modos de se vestir e de falar, entre outros aspectos. Para os autores, a escola seleciona os conhecimentos e valores das classes dominantes como os de maior valor, frequentemente menosprezando os elementos culturais das classes trabalhadoras e auxiliando na reprodução das deidades sociais. Dessa forma, os filhos das classes dominantes, possuindo o patrimônio cultural considerado mais "importante" pelas escolas, tendem a ter maior sucesso escolar do que os das classes trabalhadoras, reproduzindo as respectivas posições sociais das famílias de origem e mantendo a mesma configuração das classes sociais por muitas gerações.
Essa teoria teve amplo impacto na Sociologia, pois enfatiza os aspectos de reprodução das desigualdades e de controle social com base em uma instituição fundamental das sociedades que se intitulam democráticas. Uma vez que a escola e apontada como o espaço de socialização e de manutenção da ordem sem recurso violência, a teoria de Bourdieu e Passeron leva a refletir sobre o papel da escola e da violência simbólica promovida por ela no contexto das sociedades ocidentais.
Diversos sociólogos passaram a repensar a escola com base nas questões levantadas por Bourdieu e Passeron. Alguns criticaram severamente essa visão, pois apontaram que nas instituições existem movimentos contrários que podem mudá-las "por dentro". O sociólogo brasileiro Décio Saes, por exemplo, aponta que no Brasil as classes dominantes também temem que os trabalhadores adquiram educação demais, pelos possíveis efeitos politizadores a que isso pode levar.
Para os jovens brasileiros, a escola representa uma trajetória obrigatória para realizar algum tipo de mobilidade social. O diploma é reconhecidamente importante para todas as famílias de classes populares e médias, pois confere aos indivíduos a possibilidade de receber um salario mais alto e, assim ter maior mobilidade e reconhecimento sociais. A sim os jovens procuram, de diversos modos, estar na escola, mesmo tendo de concilia com atividades de trabalho e de ajuda em casa. O controle social e a violência simbólica que a escola lhes impinge são sentidos de maneira ainda mais intensa, por causa da distancia entre os conhecimentos teóricos considerados relevantes e as necessidades proteicas diárias de sua vida. Isso cria uma grande frustração em relação escola e a uma atitude pragmática que se distancia do potencial de reflexo que ela poderia promover: o mais importante para esses estudantes trabalhadores e o diploma, que terá para eles algum uso prático na vida social.
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