quarta-feira, 3 de junho de 2020

Política, Estado e Governo

Política

Na Grécia antiga, a palavra politica (do grego politikós) referia-se as questões relativas à vida da cidade. A politica não era uma atividade qualquer: dela dependia a organização cotidiana e o futuro da polis (cidade-Estado grega). Por isso, participar da politica era uma atividade constitutiva do cidadão, ou seja, o individuo não seria um cidadão se não se interessasse pela politica e não a praticasse. Tal concepção foi divulgada na obra Política, de Aristóteles, o primeiro tratado sobre a natureza do governo, suas configurações e funções. Por séculos, a palavra politica foi empregada para indicar as obras que tratavam das atividades ligadas à cidade-Estado.

 

Cidade-Estado

Cidade independente e com governo próprio, bastante comum na Antiguidade, principalmente na Grécia antiga, onde recebia o nome de polis. O conceito de Estado mais próximo do seu foi utilizado por Maquiavel no século XVI para designar um território independente com governo próprio, como a polis.

 

 

A partir das revoluções liberais do século XVIII, a palavra passou a ser empregada para designar as atividades relativas ao controle do Estado. A Ciência Politica começou investigar  tal fenômenos como sendo especifico do comportamento humano, diferente dos demais fenômeno sociais. Max Weber elaborou uma definição até hoje bem-aceita de politica. Para ele, a prática politica significa exercer um papel de liderança no Estado, ou na luta pelo poder, seja entre Estados, seja entre grupos dentro do Estado. Dessa forma, politica e poder estão diretamente relacionados, pois o poder é recurso inerente para o exercício da politica.

 

 QUEM ESCREVEUSOBRE ISSO

 

Nicolau Maquiavel

 

Nicolau Maquiavel 14691527 historiador e diplomata florentino, foi um dos fundadores do pensamento politico moderno. O Estado, para ele, tem como principal finalidade manter a prosperidade e a grandeza, e essa finalidade está além do bem e do mal. Como expressa em seu livro O príncipe (escrito em 1513 e publicado em 1532), "os fins justificam os meios". Para esse autor, não havia um juízo moral nessa orientação de conduta. A ideia central é que existem "razões de Estado" que se justificam por si mesmas.

Segundo Maquiavel, o príncipe deve promover a unida de politica em seu reino para evitar que ele se fragmente ou perca força na competição com outros Estados.

Para tanto, é melhor que o príncipe seja "temido" do que "amado” por seus súditos. Por essas e outras razões, seu pensamento acabou sendo mal compreendido.

Maquiavel pode ser lido como um ideólogo da formação do Estado republicano, e não necessariamente do Estado absolutista. Em seu livro Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio, ele define república como o Estado em que o príncipe, os aristocratas e o povo governam em conjunto, conduzindo os negócios públicos de modo equilibra do para que possam resistir à passagem do tempo. Ao defender esse tipo de governo, o pensador italiano afirma que a representação das três bases sociais (príncipe, aristocratas e povo) confere ao Estado maior estabilidade, pois a competição entre elas pro move a busca pela boa legislação.

 

 

Ao escrever como o Estado e os governos 
são de fato e não como deveriam ser, 
Maquiavel deu o primeiro passo para
 que a filosofia sobre a politica se tornasse 
Ciência Política.

Estado

Uma característica marcante do modelo de organização do Estado moderno é a racionalização da gestão do poder. Isso se consolidou a partir da separação das esferas politica e religiosa, que se tornou um princípio das revoluções liberais do século XVII, destacadamente a Revolução Francesa. Assim, o poder deveria ser amparado por uma estrutura administrativa e burocrática composta de um corpo qualificado de técnicos que operam conforme procedimentos preestabelecidos e idealmente impessoais, para evitar a pessoalidade nas relações entre governantes e governados. Contudo, contemporaneamente temos observado a crescente participação de representantes de entidades religiosas também como lideres políticos, que, dessa forma, passam a ter acesso ao voto e à elaboração de leis em diferentes instancias jurídicas do Estado. Isso indica que, apesar de o Estado brasileiro ser laico, o sistema eleitoral permite que lideres ou representantes religiosos ocupem cargos políticos.

 

Formas de organização do Estado moderno: monarquia e república

A autoridade que administra o Estado é o governo. A forma de governo é o meio pelo qual e instituída a relação entre governantes e governados (estruturas e relações de poder).

A monarquia e a republica são as formas básicas de governo. A categorização feita por Aristóteles na obra Politica, escrita por volta do século IV a.C. compreendia três formas de governo: monarquia (governo de um só), aristocracia (governo dos melhores) e democracia (governo de muitos) Essa categorização subsistiu até a sistematização feita por Maquiavel para quem o Estado era principado (monarquia) ou republica.

Originalmente, a monarquia significava o governo de um só, podendo ser definida como o Estado dirigido segundo a vontade de um indivíduo, o rei. Com diversas particularidades, esse sistema foi predominante na Europa até meados do século XVIII. Nas monarquias, o cargo de chefe do Estado e hereditário vitalício. Hoje, as monarquias são em sua maioria limitadas e constitucionais: o poder do soberano é restrito, e o monarca tem de aceitar o papel e a ação de outros órgãos, como o Parlamento.

A forma republicana de governo e oposta a monarquia. A republica é uma conquista Idealmente democrática que se concretizou com a Revolução Francesa e se destaca pela rejeição aos governos aristocráticos ou oligárquicos. Nas republicas, o chefe de Estado geralmente eleco por periodos determinados Assim alternância de poder e igualdade formal entre todos os cidadãos. Contudo, e importante lembrar que ha muitas republicas não democráticas marcadas por regimes ditatoriais.

 

Sistemas de governo: presidencialismo e parlamentarismo

O Sistema de governo depende do relacionamento entre os poderes Executivo e Legislativo. O modo como esses poderes interagem no exercício de suas funções constitucionais caracteriza os dois sistemas de governo que predominam no mundo ocidental o presidencialismo e o parlamentarismo.

No sistema presidencialista, o presidente costuma ser eleito, direta ou indiretamente, para um mandato determinado durante o qual exercer a função executiva. Ele acumula a chefia do Estado e do governo. Todo o Poder Executivo se concentra no presidente, que tem como prerrogativa escolher seus ministros, que são gestores das diferentes politicas públicas E existe independência entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário pois a constituição deles e separadas na origem, isto é, a eleição dos representantes de cada um deles e independente. Esse fato confere ao chefe do Executivo uma posição de autonomia politica perante os demais poderes.

Ao contrário do presidencialismo, no sistema parlamentarista há uma forte interação o Executivo Legislativo, fundada na distinção entre chefe de Estado (monarca ou presidente) e chefe de governo (chanceler ou primeiro-ministro). No parlamentarismo, quem governa é o Parlamento, por meio do gabinete formado pelo primeiro-ministro (geralmente oriundo do partido majoritário) e demais ministros. O primeiro-ministro é eleito para exercer a função de chefe de governo e depende da maioria parlamentar para governar. A relação entre Executivo e Legislativo é marcada pelo principio da responsabilidade ministerial e pelo direito de dissolução. O principio da responsabilidade ministerial refere-se à demissão do governo em caso de retirada de confiança (voto de desconfiança) por parte do Parlamento, que pode ser unicameral ou bicameral. O direito de dissolução - dissolver o Parlamento e convocar novas eleições - representa a contrapartida da responsabilidade ministerial, ou seja, o meio que possibilita a ação do governo sobre o Parlamento, evitando assim que este seja manipulado por partidos políticos majoritários.

 

O chefe de Estado...

O primeiro-ministro...

O gabinete...

O Parlamento...

 

... convida o primeiro ministro escolhido partido majoritário

... escolhe os ministros, formando o gabinete.

... é apresentado ao Parlamento.

... aprova ou não o gabinete escolhido.

 No parlamentarismo, quem governa é o Parlamento, pelo primeiro ministro e pelos demais ministros escolhidos por ele.

 

 SAIBA MAIS

 

Unicameral e bicameral

 

O Parlamento ou o Congresso formado apenas por um órgão legislativo, sem divisões, é chamado de unicameral. É o caso, por exemplo, da Grécia e de Portugal. No bicameralismo, ocorre a divisão do Legislativo, como no Brasil (Câmara dos Deputados e Senado Federal) e nos Estados Unidos (Câmara dos Representantes e Senado).

No caso do Brasil, a divisão do Legislativo tem origem na Constituição de 1824, a outorgada por dom Pedro I. O Senado, cujos membros são eleitos pelo voto majoritário, a função de representar os estados-membros no Congresso Nacional, a Câmara dos Deputados, cujos integrantes são eleitos pelo voto proporcional, representa a população. Atualmente, são 513 deputados federais e 81 senadores.

 

Na arquitetura criada por Oscar Niemeyer para o Congresso Nacional, aqui em foto de 2014, a cúpula convexa, à esquerda, representa o caráter mais reservado, ponderado e elitista que caracteriza o Senado como câmara alta do Legislativo em oposição à cúpula convexa, à direita, que representa o caráter aberto e ampliado do debate que a Câmara dos Deputados deve assumir.

 

 As formas (monarquia e república) e sistemas de governo (presidencialismo e parlamentarismo) estudados podem ser combinados: monarquia parlamentar (Reino Unido, Suécia, Países Baixos), república presidencialista (Brasil, Argentina, Estados Unidos) e república parlamentar (Alemanha, Portugal).

 


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