quarta-feira, 10 de março de 2021

Senso Comum X Ciência

  

O senso comum é um tipo de pensamento que não foi testado, verificado ou metodicamente analisado. Geralmente, o conhecimento de senso comum está presente em nosso cotidiano e é passado de geração a geração. Podemos afirmar que este tipo de conhecimento é, categoricamente, popular e culturalmente aceito, o que não garante a sua validade ou invalidade.

O senso comum, por ser obtido a partir de um movimento de repetição cultural, pode estar correto ou não. Não é possível confiar neste tipo de conhecimento como se confia na ciência, mas também não podemos invalidá-lo de imediato, pois o fato de não se estabelecerem métodos e testes comprobatórios, não significa, necessariamente, que o tipo de conhecimento popular está errado.

O senso comum é movido, geralmente, pela opinião. É transmitido de geração a geração e consideramos um tipo de conhecimento sem qualquer base científica.

Você já deve ter ouvido muito a respeito de:

- Chá de boldo cura problemas no fígado. ...

- Ameixa e mamão ajudam a regular o intestino. ...

- Em time que está ganhando não se mexe. ...

- Há solução para tudo, menos para a morte. ...

- Brasileiro gosta de samba, churrasco e futebol.

Embora possamos considerar senso comum e ciência como dois tipos de conhecimentos opostos, porque inicialmente são muito diferentes, entretanto, existem algumas concepções e ideias que sugerem que, de certa forma, um completa o outro. De fato, a ciência é a fonte de conhecimento mais segura que temos, mas a validade do senso comum, em alguns casos, é notável. Se pensarmos que grandes pesquisas científicas que levaram a grandes descobertas farmacêuticas partiram do conhecimento de senso comum de plantas medicinais, por exemplo, temos um elemento para considerar o senso comum como um bom ponto de partida para impulsionar a ciência.

Um bom exemplo disso é o caso da utilização do boldo para resolver problemas digestivos, uma vez que, na sabedoria popular, apenas o senso comum admitia essa relação, porém, estudos farmacêuticos já comprovaram a eficácia do boldo para tratamento de indigestões e intoxicações, o que resultou no desenvolvimento de fármacos à base da planta.

Aristóteles definiu a ciência como um "conhecimento demonstrativo", ou seja, um tipo de conhecimento comprovado que pode ser expressado por meio de uma demonstração, com fundamento em observações, análises e experimentos considerando as mais diversas hipóteses sobre aquele assunto. Mas, se alguém perguntar a você "o que é ciência?", talvez seja difícil pensar em uma resposta correta, rápida e objetiva.

Especialistas determinam o século XVII – com a Revolução Metodológica e Científica proposta por Galileu (1564-1642) – como o mais importante para a ciência. Alguns pensadores costumam determinar uma época para o surgimento ou o nascimento da ciência, mas é fato que desde que o mundo existe, há ciência: alguém produziu o fogo, precisou produzir algum tipo de medicamento... desde sempre alguém quebra uma perna ou um braço, se corta, tem febre ou dor de cabeça...

A palavra "ciência" vem do latim "scientia", que significa "conhecimento". Por isso, é correto dizer que você "tomou ciência" quando tomou conhecimento de alguma coisa que aconteceu, de um fato.

No sentido mais específico da palavra, a ciência é aquele tipo de conhecimento que busca compreender verdades ou leis naturais para explicar o funcionamento das coisas e do universo em geral. É por isso que cientistas fazem observações, verificações, medições, análises e classificações, procurando entender os fatos e traduzi-los para uma linguagem estatística. E é aí que entra o método científico.

Se para tudo na vida precisamos de meta, na ciência não é diferente. Toda pesquisa tem uma meta – ou objetivo. E método, nada mais é do que o caminho que percorremos para alcançar a meta.

Em regra geral, o método científico segue algumas etapas básicas que são padronizadas para que o planejamento da pesquisa seja orientado. Podemos dizer que nem todas são obrigatórias, mas normalmente há uma ordem: observação, elaboração do problema, levantamento de hipóteses, experimentação, análise dos resultados e conclusão.

Vale ressaltar que quando falamos de ciência, estamos incorporando todas as ciências existentes, considerando as especificidades de cada uma delas. Por exemplo: nas Ciências Humanas, nem tudo pode ser reproduzido em laboratório.

 

A Sociologia como ciência

As Revoluções

A História do surgimento da Sociologia data do século XVIII, em decorrência da Revolução Industrial e da Revolução Francesa, que evidenciaram mudanças significativas na sociedade.

A Revolução Industrial foi um processo de grandes transformações econômico-sociais que começou na Inglaterra no século XVIII. Um processo que levou à substituição das ferramentas pelas máquinas, da energia humana pela energia motriz e do modo de produção doméstico (ou artesanal) pelo sistema fabril. Contribuiu para o fortalecimento e o enriquecimento da burguesia, mas trouxe consequências desastrosas à classe trabalhadora: os trabalhadores antes artesanais agora precisam trabalhar em fábricas, sem iluminação ou ventilação adequadas, com uma jornada de trabalho que chegava a 15h diárias, com o controle e a rigidez de um relógio e um gerente que monitorava o trabalho.

A Inglaterra foi precursora na Revolução Industrial devido a diversos fatores, entre eles: possuir uma rica burguesia, o fato de o país possuir a mais importante zona de livre comércio da Europa, o êxodo rural e a localização privilegiada junto ao mar, o que facilitava a exploração dos mercados ultramarinos.

Como muitos empresários ambicionavam lucrar mais, o operário era explorado sendo forçado a trabalhar até 15 horas por dia em troca de um salário baixo. Além disso, mulheres e crianças também eram obrigadas a trabalhar para sustentarem suas famílias.

Diante disso, alguns trabalhadores se revoltaram com as péssimas condições de trabalho oferecidas, e começaram a sabotar as máquinas, ficando conhecidos como “os quebradores de máquinas“. Outros movimentos também surgiram nessa época com o objetivo de defender o trabalhador.

O trabalhador em razão deste processo perdeu o conhecimento de toda a técnica de fabricação, passando a executar apenas uma etapa.

Devido à baixa remuneração, condições de trabalho e de vida sub-humanas, os operários se organizaram. Desta forma, associaram-se em organizações trabalhistas e sindicatos para reivindicar melhores e menores jornadas de trabalho e aumento de salários.

A mecanização se estendeu do setor têxtil para a metalurgia, transportes, agricultura, pecuária e todos os outros setores da economia, inclusive o cultural.

A Revolução Industrial estabeleceu a definitiva supremacia burguesa na ordem econômica. Ao mesmo tempo acelerou o êxodo rural, o crescimento urbano e a formação da classe operária. Era o início de uma nova época, onde a política, a ideologia e a cultura gravitavam em dois polos: a burguesia industrial e financeira e o proletariado.

As fábricas empregavam grande número de trabalhadores. Todas essas inovações influenciaram a aceleração do contato entre culturas e a própria reorganização do espaço e do capitalismo.

Nessa fase, o Estado passou a participar cada vez mais da economia, regulando crises econômicas e o mercado e criando uma infraestrutura em setores que exigiam muitos investimentos.

A Revolução Francesa é o nome dado ao ciclo revolucionário que aconteceu na França entre 1789 e 1799 que marcou o fim do absolutismo naquele país. Essa revolução, além de seu caráter burguês, teve uma grande participação popular e atingiu um alto grau de radicalismo, uma vez que a situação do povo francês era precária em virtude da crise que o país enfrentava.

O fato mais significativo é a tomada da prisão da Bastilha, em 14 de julho de 1789. Um mês depois, os franceses promulgaram a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.

Neste documento foi consagrado o princípio de igualdade de todas as pessoas perante a lei.

Esta revolução foi um marco na história da humanidade porque inaugurou um processo que levou à universalização dos direitos sociais e das liberdades individuais a partir da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, entre outras conquistas.

No final do século XVIII, a França era um país agrário, com a produção estruturada no modelo feudal. Devido às guerras na América e às más colheitas, a França atravessava uma crise econômica e política e para resolvê-la, os ministros do rei Luís XVI sugeriram que a nobreza e o clero deviam pagar impostos.

Por outro lado, para a burguesia e parte da nobreza, era preciso acabar com o poder absoluto do rei Luís XVI.

 

Fonte

Orientação de Estudos – SEEDUC RJ

 

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